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Mostrando postagens de novembro, 2021

O CEMITÉRIO DOS VIVOS

  Ler Lima Barreto é indispensável para compreendermos o Brasil, em qualquer tempo, em qualquer lugar. Abaixo publico o primeiro capítulo de O Cemitério dos Vivos, que li estupefacto. É o olhar de um louco sobre o hospício? Ou é a crítica aguda de um intelectual ao sanatório geral que atende pelo apelido de Brasil?  CAPÍTULO I - O PAVILHÃO E A PINEL 1920 4 de Janeiro      Estou no Hospício ou, melhor, em várias dependências dele, desde o dia 25 do mês passado. Estive no pavilhão de observações, que é a pior etapa de quem, como eu, entra para aqui pelas mãos da polícia. Tiram-nos a roupa que trazemos e dão-nos uma outra, só capaz de cobrir a nudez, e nem chinelos ou tamancos nos dão. Da outra vez que lá estive me deram essa peça do vestuário que me é hoje indispensável. Desta vez, não. O enfermeiro antigo era humano e bom; o atual é um português (o outro o era) arrogante, com uma fisionomia bragantina e presumida. Deram-me uma caneca de mate e, logo em seguida, ainda dia claro, atiraram