Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2021

CRÔNICAS DE ABAETÉ DO TOCANTINS - 9

Imagem
  O PIB Certa vez mostrei esta imagem ao amigo Celso Nery. Ele deu um sorriso, examinou mais de perto os personagens e declarou que nela estava quase todo o PIB (Produto Interno Bruto) de Abaeté dos anos 60 e 70. É um animado grupo de empresários com seus amigos e convidados em festiva celebração na praia de Beja, o caribe abaeteense daqueles tempos. Regada a uísque importado e vinho de garrafão (será que era vinho, na terra da cachaça?). Bem… observando com atenção alguns copos, parece haver espuma neles o que pode sugerir a popular cerveja mesmo. E tinha churrasco, pois foi possível ver alguns espetos exibidos com volúpia alcoólica pelos comensais. Curioso como, até os anos 70, os parâmetros para medir a riqueza de alguém estavam restritos a algum ouro pelo corpo (a imagem, infelizmente, não permite ver os dentes em detalhe...), talvez uma Rural Willys e uma Televisão Telefunken (ou RQ Colorado!) de 20 polegadas em preto e branco. Talvez uma radiola Philips também… O ouro é possível

AQUELAS COISAS NA FLORESTA

Naquela noite Rosa ficou sozinha na beira da estrada olhando o Simca Chambord afastando-se alegremente em direção a um baile na cidade, com as meninas a bordo. Ficou observando demoradamente a poeira levantada e as luzes vermelhas das lanternas traseiras do táxi cada vez menores até serem engolfadas pela escuridão da noite fria de fevereiro. Rosa olhou para o céu enquanto soprava a fumaça do cigarro que terminara de fumar e amassava sob o salto alto a bagana fumegante. Uma linda noite fria e estrelada em fevereiro. Um momento especial em que, apesar das poucas nuvens vogando em direção ao poente, o céu excepcionalmente claro deixava visível a via láctea em toda a sua beleza, esparramando estrelas pelo céu. A dona do bar contemplou a fachada iluminada em neon recém-inaugurada onde o nome ROSA SELVAGEM piscava em silêncio para a madrugada. Aquilo lhe havia custado um bom dinheiro, mas era um marco naquela beira de estrada, à boca do ramal do Mata-Fome. Todo mundo na cidade já sabia do br

OBRIGADO, POR MIL VISUALIZAÇÕES!

Imagem
 Hoje este blog literário ultrapassou a marca das mil visualizações. Para um blog que não propaga o ódio, as mentiras, nem zomba da inteligência alheia, é de espantar. Pode não ser nada, perto de certos vídeos curtos que recebem em um dia mais de dois milhões de visualizações, mas para mim representa uma marca memorável. Tendo conteúdo que não gera "engajamento" com facilidade (não lida com perversidades, por exemplo) é bom notar que este blog vem sendo regularmente visitado. Isso dá esperança, faz crer que ainda é possível contar histórias que nos transportem para uma universo fantástico, cheio de possibilidades, que nos fazem pensar fazendo cócegas na inteligência, como já foi dito. Obrigado, meus amigos e amigas, por essa esperança. É como se meus livros fossem tocados mil vezes em um esforço de leitura que constitui a essência da relação entre o autor e o leitor. Certa vez escrevi uma história em que um escritor terminava seu livro, imprimia uma única cópia, e a enviava p

(RE)ENCONTRO NO LENNON BAR

(Do livro Mater Purissima - Histórias de Festa de Conceição em Abaeté do Tocantins )  – Vamos fugir? – disse ela com o olhar faiscando. O submarino amarelo piscava em neon na fachada penumbrosa do Lennon Bar que estava sendo arrumado para a noite festiva. Com o som desligado, que depois tocaria somente Beatles, a música vinha de fora. A banda, no coreto ao lado, tocava num ritmo bem lento, com caprichos infinitos do pandeiro. O mestre parecia sorver com deleite cada nota, dançando e balançando o corpo na cadência do samba. Os metais reluzentes faziam as vozes do sambista declamando a conhecida letra, que a plateia acompanhava cantando em coro. Era a véspera do dia da festa de Conceição. Tristeza, por favor vai embora Minha alma que chora              Está vendo o meu fim              Fez do meu coração a sua moradia              Já é demais o meu penar              Quero voltar àquela vida de alegria              Quero de novo cantar O casal explodiu numa risada alegre, a felicidade ju