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Mostrando postagens de dezembro, 2021

LER RUBEM FONSECA

 Convido com veemência meus leitores para desfrutarmos da obra de Rubem Fonseca. Apenas como um aperitivo publico pequeno trecho de um conto dele, que li meditando, sorrindo e até mesmo gargalhando em alguns momentos. Imperdível! ************************************************** A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro Rubem Fonseca (in Romance Negro e outras histórias) “Em uma palavra, a desmoralização era geral. Clero, nobreza e povo estavam todos pervertidos.” (Joaquim Manuel de Macedo, Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro 1862-63) Augusto, o andarilho, cujo nome verdadeiro é Epifânio, mora num sobrado em cima de uma chapelaria feminina, na rua Sete de Setembro, no centro da cidade, e anda nas ruas o dia inteiro e parte da noite. Acredita que ao caminhar pensa melhor, encontra soluções para os problemas; solvitur ambulando , diz para seus botões. No tempo em que trabalhava na companhia de águas e esgotos ele pensou em abandonar tudo para viver de escrever. Mas Joã

CRÔNICAS DE ABAETÉ DO TOCANTINS - 11

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O PETRÓLEO JÁ FOI NOSSO! Um fato histórico ainda muito vivo no imaginário coletivo d os abaeteenses - pelo menos daqueles que nasceram antes da virada do século! - é a chamada “praga das formigas”, que sucedeu ao espancamento de um sacerdote por populares. É uma história cheia de lances curiosos, que não se encerra nas formigas. Durante um bom tempo a cidade ficou sem padres, amaldiçoada que fora pelas autoridades eclesiásticas. Contam que quando algum padre passasse diante de Abaeté a bordo do navio da Linha do Tocantins, deveria, por ordem do arcebispo de Belém, virar-se de costas para estas terras e rogar alguma praga que sua santa mente fosse capaz de obrar naquele instante. Alguns, mais raivosos, decoravam maldições terríveis antes mesmo da viagem, longas e maléficas imprecações a serem vomitadas sobre a terra de Monteiro. Contam que certa vez um padre chegou morto a Cametá, tendo talvez infartado de ira (fúria, como se diz, envenena o coração...) durante a viagem, e entre seus p

CRÔNICAS DE ABAETÉ DO TOCANTINS - 10

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  A NAVE DE FLASH GORDON Era a chegada de um novo ônibus. Era o Salvador. Naquele tempo, os ônibus recebiam nomes de cidades brasileiras. Assim, na lendária Empresa São Jorge, havia o Salvador, o Niterói, o Rio de Janeiro, o Petrópolis... Até o pernambucano, que nem era nome de capital, mas alcunha de algum arigó que sonhava com a distante metrópole e com o progresso. Eles estavam felizes, felizes e aliviados, posando garbosos diante do ônibus após a travessa de uma baía medonha, equilibrando o carro sobre o convés de uma barca improvisada. Diz o Bino, o motorista aqui retratado, que ele vinha dentro do carro, colocado de través na barca, acelerando o motor do ônibus a viagem inteira, para manter o sistema de ar-comprimido funcionando, a fim de conservar os freios acionados... Que viagem!!! Contrastando com a vila pobre que se vê ao fundo, está a nave prateada, de alumínio vincado, novo (ou quase...), leveza e aço prontos a singrar as imensidões espaciais. Seria um ônibus banal, mais