Visões na noite
Meu amigo, eu vou lhe contar uma coisa. Se aquele cartaz tivesse caído na estrada depois do acontecido, eu ia passar o resto da vida jurando que tinha visto visagem naquela noite. Faz muito tempo que aconteceu comigo, logo quando abriram a estrada e o caminho para a Colônia deixou de ser só pelo igarapé, que aliás secava no verão e a gente tinha que ir pra lá andando pelo meio da mata. Mas bom. A mata ainda metia medo, mesmo com a estrada e com carro andando nela. Quando escurecia era um breu só. Era costume a gente mandar instalar um holofote de barco em cima do carro, desses de mil e quinhentas velas, que a gente usava pra alumiar a estrada. Aqui, motorista era parece um comandante de regatão no Tocantins, que de vez em quando acendia o holofote pra dar uma olhada, porque só o farol do carro alumiava pouco. No breu da mata a gente via de tudo. Labisonho, Matinta, olho vermelho brilhando no meio da capoeira, Curupira que levava criança que não era batizada; e coisa que a gente não via