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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Visões na noite

Meu amigo, eu vou lhe contar uma coisa. Se aquele cartaz tivesse caído na estrada depois do acontecido, eu ia passar o resto da vida jurando que tinha visto visagem naquela noite. Faz muito tempo que aconteceu comigo, logo quando abriram a estrada e o caminho para a Colônia deixou de ser só pelo igarapé, que aliás secava no verão e a gente tinha que ir pra lá andando pelo meio da mata. Mas bom. A mata ainda metia medo, mesmo com a estrada e com carro andando nela. Quando escurecia era um breu só. Era costume a gente mandar instalar um holofote de barco em cima do carro, desses de mil e quinhentas velas, que a gente usava pra alumiar a estrada. Aqui, motorista era parece um comandante de regatão no Tocantins, que de vez em quando acendia o holofote pra dar uma olhada, porque só o farol do carro alumiava pouco. No breu da mata a gente via de tudo. Labisonho, Matinta, olho vermelho brilhando no meio da capoeira, Curupira que levava criança que não era batizada; e coisa que a gente não via

A Igreja

Por que Deus, o criador de tudo o que existe no Universo, ao dar existência ao ser humano, ao tirá-lo do Nada, destinou-o a defecar? Teria Deus, ao atribuir-nos essa irrevogável função de transformar em merda tudo o que comemos, revelado sua incapacidade de criar um ser perfeito? Ou sua vontade era essa, fazer-nos assim toscos? Ergo, a merda? (Rubem Fonseca, no conto Copromancia) Tinha chegado uma menina nova no Gigi. Menina cearense fugindo da seca. Coisa fina, quase mocinha, ainda durinha e justa. Minha patroa, coitada, tinha vergonha de fazer aquelas coisas que as raparigas fazem. Também! Criada da missa pro colégio, da sala pra cozinha, malmente tomando um grapete domingo depois da missa, tinha que dar nisso mesmo. Mulher boa tem que fumar, beber com a gente e fazer cabelo, barba e bigode... Quem me falou da menina foi o Gimico. Ele ia sair pra viagem do Amazonas e não podia ir comigo, mas me recomendou pro Gigi. Ele disse assim: Olha Mário, vai lá que a piquenazinha é paid’égua. B